PASQUINI – Consultoria Ambiental

Julho de 2023 Marca um Novo Recorde de Calor no Brasil

A temperatura média de 22,97 °C redefine o termômetro histórico do país, apontando para mudanças climáticas crescentes.

O termômetro da Terra parece estar subindo em um ritmo inegável, à medida que as marcas de calor históricas são superadas. O mês de julho de 2023 entrou para os livros de registros como o período mais quente já registrado no Brasil desde o início das medições regulares em 1961, marcando um desvio de 1,04 °C acima da média histórica. Esse recorde, com uma temperatura média de 22,97 °C, ultrapassou os limites estabelecidos pelo julho de 2022, que anteriormente detinha a coroa de mês mais quente.

Temperaturas médias do Brasil entre 1961 e 2023, em °C, versus a média histórica (linha contínua cinza) e tendência (linha tracejada azul). Fonte: INMET.

A análise dos dados provenientes de mais de 650 estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) revelou que as regiões mais afetadas pelo calor excepcional foram o sul da Amazônia, o Centro-Oeste e o Sul do Brasil. Até cidades conhecidas por seus invernos rigorosos, como Porto Alegre, sentiram os efeitos dessa onda de calor incomum. Sete dias consecutivos, entre 20 e 26 de julho, viram a temperatura mínima superar a média histórica do mês, trazendo questionamentos sobre a mudança das estações tradicionais.

Esse fenômeno, no entanto, não é exclusivo do Brasil. Em uma escala global, o mês de julho também pareceu ecoar os mesmos tons ardentes. Enquanto o hemisfério Sul testemunhava a ascensão das temperaturas, o hemisfério Norte enfrentava ondas de calor intensas, desencadeando incêndios florestais e impactando diretamente a vida das populações mais vulneráveis. Em uma atmosfera de discussões sobre as mudanças climáticas, o calor persistente e extremo levanta questões sobre a urgência de ações mais robustas para mitigar os impactos do aquecimento global.

A interligação entre fenômenos climáticos como o El Niño, as mudanças no uso do solo e o aumento das áreas urbanizadas também está sob o foco da comunidade científica. A meteorologista Danielle Barros Ferreira, do Inmet, ressalta que embora esses fatores possam contribuir para o aumento das temperaturas, é inegável que as mudanças climáticas provocadas por atividades humanas também desempenham um papel significativo nesse cenário de aquecimento constante.

A ascensão da temperatura média em julho, além de alarmante, sugere um panorama em constante evolução. À medida que o hemisfério Sul testemunha temperaturas de inverno que se tornam mais amenas e, ao mesmo tempo, as regiões do hemisfério Norte sofrem com recordes de calor, a narrativa climática global está mudando. A América do Sul, conhecida por suas estações distintas, começa a ver o inverno tradicional desaparecer à medida que os termômetros sobem além do esperado.

Os cientistas concordam que os dados de julho de 2023 indicam uma mudança climática substancial e que eventos climáticos extremos podem se tornar cada vez mais comuns. Enquanto isso, as discussões sobre a intensificação das mudanças climáticas e a necessidade de ações imediatas ganham destaque nas agendas internacionais.

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